Na quarta-feira de Cinzas (25), coloquei a frase "Feliz 2009, o ano começou" no meu MSN, em alusão à máxima brasileira de que o Ano Novo começa somente depois do Carnaval. No mesmo dia, recebi alguns comentários de amigos online, uns concordando e outros até dizendo que o ano de 2009 já havia começado há dois meses.
Na mesma quarta, chega a primeira notícia do ano: a japonesa Mitsubishi anunciou que, por conta da crise financeira mundial, planeja transferir no ano fiscal de 2009, que se inicia no mês que vem no Japão, parte da sua produção de veículos para o Brasil.
Na semana passada, a General Motors Corporation e a alemã Volkswagen divulgaram o prejuízo líquido de US$ 30,9 bilhões e o afastamento de 1,6 mil trabalhadores temporários em fábricas de todo o mundo, respectivamente. Por enquanto, a Volks informa que o ajuste da matriz não afetará as fábricas no Brasil. Já a situação da GM é mais complicada.
E o que está por trás de uma decisão de tamanha importância, como a da Mitsubishi? Money, meu caro! Se, no país do Sol Nascente, as vendas estão fracas, os balanços financeiros continuam no vermelho e a ameaça de demissões assola a indústria automotiva, está na hora de tomar posturas mais agressivas.
Os diretores da montadora japonesa devem ter avaliado os argumentos positivos do Brasil, País onde a indústria automotiva está em plena expansão e os agentes financeiros e o governo deram aporte de recursos e fiscal. Além disso, a mão-de-obra aqui é mais barata, as exigências fiscais e ambientais são menores e os encargos da produção industrial são baixos, ao serem comparados com os que são cobrados no Japão.
A Mitsubishi, por sua vez, já tem parceria com a MMC Automotores do Brasil, do Grupo Souza Ramos, na fábrica de Catalão (GO). Da unidade fabril saem os modelos L200 Triton, L200 Sport, o jipinho TR4 e Pajero Sport. A intenção da montadora japonesa, no entanto, seria transferir gradativamente a sua produção de veículos para o Brasil, usando o País como base de exportações de veículos para os mercados da América do Sul e México.
Inicialmente, o SUV Pajero Full seria o primeiro carro a ser produzido por aqui. Em seguida, outros poderiam também ser feitos em Catalão, atingindo a produção de 50 mil unidades, mais chassis, motores e outros componentes que viriam diretos do Japão.
A decisão, caso seja confirmada neste mês de março, só faz fortalecer a nossa indústria automotiva. Porém, o governo deve estimular a chegada de novas fábricas de produção de veículos, desde que as empresas se comprometam em investir em qualificação da mão-de-obra e em instalações modernas.
O que não vale é chegar, receber todos os incentivos fiscais, tirando os proveitos do baixo custo de produção e dos acordos do Brasil com países da América do Sul e México e, na primeira crise local, mudar-se para outro país mais lucrativo.
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