No fim do mês de março, dei a minha opinião sobre o incentivo do governo federal na proposta de ampliar o prazo da redução do IPI para carros zero km, em especial os modelos equipados com motor 1.0, até o dia 30 de junho. Sempre fui favorável ao benefício da redução do IPI para carros novos, mas tenho algumas ressalvas.
Há pontos que devem ser levados em consideração para analisar friamente a possibilidade do presidente Lula, mais uma vez, dar outro presentão à indústria automotiva brasileira. De antemão, acredito que o governo não irá mais ampliar o prazo do benefício. O presente já foi dado e foi bem generoso.
É bom reforçar que as montadoras de veículos representam cerca de 15% do produto interno bruto (PIB) do Brasil. Em março, o governo não quis desacelerar o crescimento das vendas de veículos novos, com recordes em cima de recordes nos últimos três anos. E conseguiu. Por outro lado, o incentivo era apenas para a indústria de veículos e, por alguns momentos, fiquei me perguntando sobre os reflexos negativos da crise mundial em outros setores da economia, como o da construção civil e o do comércio de bens e serviços.
Mas, como a minha área é a automotiva, sempre fui favorável ao benefício, já que a venda de um veículo novo gera também negócios em toda a cadeia produtiva da indústria automotiva. Só para citar alguns exemplos: quem compra um carro, faz seguro, adquirir um aparelho de CD player, manda instalar um jogo de rodas esportivas e bancos em couro e vende também o seu veículo usado.
Faltam poucos dias para acabar o prazo do benefício da redução do IPI e, por conta disso, há uma grande procura por carros zero nas revendas. Isso tem gerado uma enorme fila de espera. Modelos da marca Fiat, por exemplo, estão em falta para pronta entrega. Quem deseja um Palio ou um Siena só terá o seu carro em, no mínimo, 60 dias. Em alguns casos, o prazo chega a até 90 dias, a depender da configuração do veículo.
Mesmo assim, o primeiro semestre de 2009 não deve repetir o bom início do ano passado. O site oficial da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) antecipa que o governo, ainda, está analisando o que deverá fazer para não estancar de vez com as vendas de veículos no Brasil.
A entidade divulgou que as vendas de veículos no varejo (automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus, motos e implementos rodoviários) retraíram 8,05% comparando o primeiro quadrimestre de 2009 com o do ano anterior, caindo de 1.551.772 para 1.426.863 unidades. De março para abril, o desempenho também foi negativo. Foram emplacadas 368.780 unidades em abril, contra 418.435 unidades em março, numa queda de 11,87%.