domingo, 19 de maio de 2013

Quem ganha com a Stock de rua?



Nem dá para negar que a Stock Car é um acontecimento na Bahia. Ao chegar em Salvador em 2009, a categoria mais importante do automobilismo brasileiro bateu recorde de público e preencheu uma lacuna na vida do baiano. Mas, todos aqui se perguntam: e o tão desejado autódromo? É complicado obter uma resposta. Há quem use a possibilidade de um empreendimento para competições de automobilismo – Stock Car, Fórmula Truck (caminhões) e brasileiro de marcas, por exemplo – apenas como “plataforma” para se agarrar “nas benesses do poder”.
Neste domingo, as arquibancadas do Centro Administrativo da Bahia, local da prova da Stock Car, estiveram praticamente lotadas, com cerca de 50 mil expectadores para assistir a vitória do piloto Ricardo Maurício na etapa baiana da temporada 2013.
E nos camarotes oficiais nenhum dirigente ou mesmo um representante do governo garantiu que a Bahia terá, de fato, um autódromo dentro das normas de segurança da Federação Internacional do Automobilismo (FIA) ou da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA).
Um evento como a Stock Car gera investimentos altos e retorno garantido para o governo e organizadores. A prova baiana tem previsão de gerar cerca de R$ 20 milhões. Isso incluem os acordos financeiros entre governo e organização, além de ganhos financeiros dos segmentos (comércio e rede hoteleira) envolvidos.
De maneira mambembe ou no improviso, o CAB se transforma em um autódromo. Esta é a quinta prova da Stock Car em solo baiano e quase acaba mais uma vez com o pace car (carro-madrinha) na pista, igualzinho a outras duas corridas realizadas aqui. Na prática, não divide emoção com o público, que lota as arquibancadas e não quer “pagar” para assistir provas mornas, sem ultrapassagens e brigas sadias entre os pilotos.
Sem empenho
O governador Jaques Wagner usou o palanque da edição 2013 para adiantar que já existe um protocolo de intenções assinado para a prorrogação do contrato para a realização da corrida até 2018. “Desde a primeira corrida, a intenção era fazer um grande evento esportivo, atraindo turistas e movimentando a economia. O sucesso dessa prova é o que motiva a prorrogação do contrato”, disse Wagner, em entrevista ao Jornal A TARDE.
Estudos feitos pela Universidade Federal da Bahia, em parceria com outras organizações locais, apontam que são necessários cerca de R$ 40 milhões para a construção de uma “praça esportiva” dedicada ao automobilismo no Estado. Aqui, o autódromo serviria para garantir uma programação mais dinâmica de corridas e provas. Com isso, os pilotos atuais e jovens com talento para o esporte a motor poderiam praticar uma das modalidades do automobilismo, criando uma cultura mais forte de corridas e, em alguns casos, saindo dos “rachas” e “pegas” nas ruas e avenidas de Salvador.
Empresários locais e dirigentes da Federação de Automobilismo da Bahia já se mostraram empenhados na luta em prol de um autódromo. Os supostos terrenos em Camaçari já foram visitados e quase vistoriados, como muitos gostam de sair por aí “arrotando” suas ações em favor das causas do automobilismo na Bahia.
O que se percebe é que é “tudo cena” para ganhar um falso status no cenário do automobilismo baiano. Meses antes ou dias antes da prova baiana da Stock Car, os cartolas do automobilismo surgem com discursos sobre os seus planos “mirabolantes”. Depois, aproveitam os holofotos com os copos cheios e, em seguida, esquecem temporariamente seus ideais. Estes sim são líderes ao velho estilo chavista ou esquerdista da ilha de Cuba e saem ganhando com a prova de rua da Stock Car na Bahia.