domingo, 1 de setembro de 2013

Antigos, sim, nunca carro velho!


A turma do antigomobilismo da Bahia está bem organizada. Estou há 11 anos cobrindo o mundo dos carros e já tive coluna de carros antigos, entre os anos de 2006 e 2008. Era quase um garimpo encontrar um veículo antigo, em bom estado de conservação e mecanicamente original, em Salvador e demais cidades baianas. Na época, tive que ouvir a seguinte orientação, quase uma ameaça do meu editor do caderno especializado Auto&Moto do Jornal A TARDE: se não conseguir um carro, a coluna acaba.

Assim, corri e tive o auxílio de alguns donos de carros antigos, especialmente de Marcos Medeiros, Ulisses Brito, Jorge Cirne (Jorginho no começo da sua coleção de preciosidades da indústria automotiva brasileira e internacional), entre outros apaixonados - Emerson (Fusca), Fábio e o pai Álvaro, este último motorista do Jornal A TARDE e fissurado pela linha Opala, da Chevrolet.

Mas, a sorte me ajudou. Ao longo de quase dois anos, não deixei faltar a coluna semanal. Assim, garantia espaço para contar algumas histórias dos donos e, especialmente, dos carros antigos e modelos fora de série que circulavam em pleno funcionamento, graças a paixão dos seus proprietários.






E foram inúmeros modelos....Fusca, Opala, Aero Willys, Vemaguet, Escort conversível, entre tantos veículos. Vou procurar narrar uma situação para mostrar as dificuldades e surpresas encontradas em Salvador e pela Bahia afora. Já com a coluna em andamento, recebi uma ligação de um rapaz querendo fazer uma homenagem ao pai, dono de um Chevelle dos anos 60. Como era na cidade de Catu, mantive o contato pelo menos três ou quatro vezes, via o telefone da residência do jovem, e, assim, agendei para ir ao local.

Cheguei cedo ao jornal no dia e o chefe da fotografia indicou Marco Aurélio Martins, fotógrafo bom de papo e com boa fluência sobre os pistões, suspensão e carros em geral. No volante, o opaleiro Álvaro, feliz por estar na busca por mais um carro antigo em circulação na Bahia. Depois de quase uma hora de viagem (de Salvador até Catu), chegamos ao local. Parei algumas vezes para pedir referências da residência e, ao chegar ao local, fiquei decepcionado com as condições do Chevelle.

O carro existia, mas estava em um estado deplorável, e pronto para ser destaque da minha coluna? Na conversa com o pai e o filho, descobri que eles queriam, de fato, arrumar o carro. Porém, a matéria serviria como trampolim para o programa Lata Velha, iniciado na TV Globo pelo apresentador Luciano Hulk.

Daí, a novela ganhou uma reviravolta. Disse que não daria para publicar uma matéria com um "carro antigo em péssimas condições". Se pelo menos o Chevelle estivesse funcionando. Os dois até que tentaram no tombo e perceberam que era melhor desistir, já que falei que não iria fazer a matéria com o Chevelle.

Desta forma, o pai disse ao filho: então, mostra ao repórter ai a Rural dos anos 50. O jovem disse que havia uma Rural Willys em perfeito estado de conservação com um ilustre morador da cidade. Fui à residência e estava lá, toda coberta por uma lona, o tão desejado veículo antigo para minha coluna. A filha do proprietário chegou e disse que o pai não estava. Contei a razão da minha ida ao município e, como todo repórter usa das suas habilidades, consegui que ela ligasse para o pai.

Já que estava lá, teria que trazer esta história...e mais, estava na minha cabeça a frase do editor - se não conseguir um carro, a coluna acaba.

Enfim, ele chegou. Ai, faltava convencê-lo a falar sobre o carro e autorizar a publicação do meu texto. Mas, consegui e mantive a minha coluna de carros antigos no então caderno Motor do hoje centenário Jornal A TARDE, o mais importante da Bahia e pioneiro na cobertura automotiva do Nordeste do Brasil.