terça-feira, 21 de julho de 2009

Reciclar ou vender no desmanche?

Para cada componente plástico, peça metálica e item do sistema elétrico de um veículo, uma solução. É dessa forma que a indústria automotiva brasileira deveria tratar as partes dos carros produzidos no Brasil. Ao contrário de países como o Japão, o Brasil ainda engatinha no reaproveitamento de componentes, peças e sistemas usados na fabricação dos nossos carros.

Pouca gente sabe, mas o índice de materiais recicláveis nos veículos é superior a 90%. E olhe que quase tudo pode ser reaproveitado. Atualmente, as peças metálicas da carroceria e do motor, por exemplo, são quase 100% reutilizadas. Sistemas elétricos, pneus, componentes plásticos do painel de instrumentos, espuma e o revestimento têm final certo no mundo da reciclagem.

De um carro, apenas os componentes de segurança (cintos, rodas, airbags e sistemas de direção e suspensão) não podem ser reaproveitados.

O segmento de pneus tem mostrado o quanto é importante cumprir as determinações ambientais no Brasil. Dos pneus inservíveis que são retirados do mercado, parte dos compostos é reaproveitável para fins energéticos e para a produção de novos componentes na indústria pneumática. Uma parcela da borracha vem sendo usada para a feitura de tapetes de borracha e dos coxins dos veículos.

O mais impressionante é que alguns países já colocaram as suas metas. No Japão, por exemplo, a lei da reciclagem garante que até 2015 cerca de 70% dos componentes dos carros devem ser reciclados.

No continente europeu, a reciclagem deve atingir 95% em 2015. Hoje, o que ocorre em todo o Brasil é que carros inteiros e peças separadas de um veículo fazem parte de um mercado ilegal do desmanche.

A criação de um programa nacional de reciclagem de veículos usados faz parte de ações efetivas para a renovação da frota de carros no Brasil. A iniciativa iria trazer uma série de benefícios ambientais, sociais e econômicos para a cadeia produtiva brasileira.

No primeiro momento, haveria o destino correto dos carros usados. Os componentes descartados seriam reaproveitados na produção de peças para carros novos ou vendidos no mercado de componentes para carros usados.

Por outro lado, os desmanches ilegais perderiam a força com o correto reaproveitamento de componentes de carros, já que a própria indústria teria interesse em recolher os seus veículos e as peças inservíveis para retornar à cadeia produtiva.