O recall – o chamamento para a troca de uma peça com defeito de fabricação – já é uma prática da indústria em todo o mundo. As montadoras de veículos, no entanto, têm feito recall mais que deveriam. Na semana passada, por exemplo, o compacto Gol, carro mais vendido há mais de 20 anos no Brasil, foi um dos modelos chamados para recall pela Volkswagen.
A fabricante alemã convocou proprietários de mais de 260 mil veículos da linha Gol/Voyage e Fox. E aí fica a pergunta: o que está acontecendo com o controle de qualidade da indústria automotiva nacional?
De janeiro até o início de agosto de 2009, já foram pelo menos 19 recalls, com cerca de 500 mil unidades de carros de passeio com algum tipo de problema. Como geralmente é um defeito de fabricação em um componente de segurança, acho esse número para lá de expressivo.
Não resta dúvida de que o procedimento do recall é de extrema importância. No caso dos veículos VW, há riscos da ruptura do coletor de admissão e, eventualmente, o surgimento de chamas no componente do motor. O problema pode ocorrer em condições de baixa temperatura ambiente e durante as primeiras tentativas de colocar o motor em funcionamento.
Conforme prevê o artigo 10 do Código de Defesa do Consumidor (Lei 8078/90), o recall é uma obrigação de todo fabricante de produtos. Na prática, todo consumidor tem o direito à informação. É bom que fique claro que todo cidadão tem de ter uma informação adequada e clara, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço. Além de tudo, deve saber sobre os riscos.
No caso de um veículo, a falha no funcionamento de um componente no sistema de freios, por exemplo, pode ocasionar sérios riscos de acidente. No início do ano passado, a mesma Volkswagen teve de reconhecer a falha no sistema de rebatimento do banco traseiro da linha Fox/Cros Fox/SpaceFox.
Na época, houve uma demora para reconhecer a falha no funcionamento da peça do rebatimento do banco traseiro. No final das contas, a fabricante incorporou um anel de borracha para acabar de vez com a possibilidade de acidente, como ocorreu com oito donos de veículos que, infelizmente, tiveram parcialmente o dedo de uma das mãos mutilados no manuseio do sistema de rebatimento do banco. Por isso, o recall é mais que uma obrigação.