quinta-feira, 18 de junho de 2009

Desconto até o dia 30 de junho

No fim do mês de março, dei a minha opinião sobre o incentivo do governo federal na proposta de ampliar o prazo da redução do IPI para carros zero km, em especial os modelos equipados com motor 1.0, até o dia 30 de junho. Sempre fui favorável ao benefício da redução do IPI para carros novos, mas tenho algumas ressalvas.

Há pontos que devem ser levados em consideração para analisar friamente a possibilidade do presidente Lula, mais uma vez, dar outro presentão à indústria automotiva brasileira. De antemão, acredito que o governo não irá mais ampliar o prazo do benefício. O presente já foi dado e foi bem generoso.

É bom reforçar que as montadoras de veículos representam cerca de 15% do produto interno bruto (PIB) do Brasil. Em março, o governo não quis desacelerar o crescimento das vendas de veículos novos, com recordes em cima de recordes nos últimos três anos. E conseguiu. Por outro lado, o incentivo era apenas para a indústria de veículos e, por alguns momentos, fiquei me perguntando sobre os reflexos negativos da crise mundial em outros setores da economia, como o da construção civil e o do comércio de bens e serviços.

Mas, como a minha área é a automotiva, sempre fui favorável ao benefício, já que a venda de um veículo novo gera também negócios em toda a cadeia produtiva da indústria automotiva. Só para citar alguns exemplos: quem compra um carro, faz seguro, adquirir um aparelho de CD player, manda instalar um jogo de rodas esportivas e bancos em couro e vende também o seu veículo usado.

Faltam poucos dias para acabar o prazo do benefício da redução do IPI e, por conta disso, há uma grande procura por carros zero nas revendas. Isso tem gerado uma enorme fila de espera. Modelos da marca Fiat, por exemplo, estão em falta para pronta entrega. Quem deseja um Palio ou um Siena só terá o seu carro em, no mínimo, 60 dias. Em alguns casos, o prazo chega a até 90 dias, a depender da configuração do veículo.

Mesmo assim, o primeiro semestre de 2009 não deve repetir o bom início do ano passado. O site oficial da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) antecipa que o governo, ainda, está analisando o que deverá fazer para não estancar de vez com as vendas de veículos no Brasil.

A entidade divulgou que as vendas de veículos no varejo (automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus, motos e implementos rodoviários) retraíram 8,05% comparando o primeiro quadrimestre de 2009 com o do ano anterior, caindo de 1.551.772 para 1.426.863 unidades. De março para abril, o desempenho também foi negativo. Foram emplacadas 368.780 unidades em abril, contra 418.435 unidades em março, numa queda de 11,87%.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Um trocado para a GMC

Sou proprietário de um Chevrolet Corsa 1.4 Econo.Flex. E justamente ontem, no dia do anúncio oficial da concordata de uma das big three da indústria automotiva dos Estados Unidos, paguei uma prestação do meu financiamento do Banco GMAC. A sensação imediata foi de estar ajudando a General Motors Corporation (GMC) a sair da bancarrota da falência e, em consequência, do pior momento da sua história de 101 anos no mundo.

Mas, o pagamento do meu financiamento automotivo está longe de ser uma ajuda substancial, já que a concordata da GMC traz alguns pontos que o caro leitor pode até nem conhecer.

Inicialmente, é bom ficar claro que a situação da fabricante de veículos está diretamente atrelada à capacidade – ou a falta – de administrar um conglomerado de empresas (GM, Chevrolet, Opel, Vauxall, Saab, Hummer, Saturn, entre outras). Por outro lado, não há garantias de que todas as fábricas ficarão em pleno funcionamento – a GM já anunciou que vai fechar 12 fábricas e os empregados tiveram até que abrir uma série de concessões trabalhistas, nos Estados Unidos.

Na minha opinião, o recurso da concordata foi uma maneira inteligente da GMC receber mais um aporte financeiro da Casa Branca. De lá, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou, ontem, a reestruturação da indústria automotiva do seu país e autorizou, também, o repasse de mais cerca de US$ 30 bilhões – no início da crise, já tinham sido liberados US$ 20 bilhões.

Agora, o governo americano terá 60% de participação da GM, que segue com a queima de companhias, como a Opel/Vauxall, subsidiária da empresa na Europa, que não será repassada para a Fiat Auto e, sim, para o grupo canadense Magna. Espera-se assim que o pior capítulo da crise esteja no final.

O presidente da GM do Brasil, o colombiano Jaime Ardila, já comentou que as operações da filial não serão afetadas pelo processo de reestruturação da matriz americana. Acredito que haverá uma leve redução de investimentos em novos projetos e até adiamento de possíveis lançamentos de veículos no País. Na verdade, não só a Chevrolet meteu o pé no freio nos eventos de lançamentos. Na prática, quase todos os fabricantes estão mais cautelosos.

Chrysler

A americana Chrysler também iniciou a semana em uma nova fase de sua história. Depois de uma série de audiências, a montadora conseguiu a aprovação do plano de reestruturação. A "nova" Chrysler, empresa que recebeu a alcunha de "New Co", será controlada por um consórcio que tem a participação da Fiat Auto.

A montadora italiana terá 20% de participação da empresa americana, podendo chegar a 35%. As novas empresas (Chrysler e a GM) terão de produzir carros menores e menos beberrões, totalmente diferentes do que eram acostumadas. Fazendo um paralelo, a Chrysler terá que trocar um 300C por um Cinquecento.